quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Maldito inaudito

Há dias que são mais soturnos
Do que os espectros noturnos.
Naqueles em cuja diuturna vida
A morte, travestida, se olvida.

Há desejos que são algozes
Que não propriamente matam,
Mas que, ao falarem, nos calam,
Sufocados nas próprias vozes.

E assim, suicidada em óbito cativo,
Ainda ignora a maioria da gente
Que “desejar” é verbo intransitivo
De conjugação intransigente.